Alguns fatos curiosos sobre mitos e mitologias dos mortos-vivos.

Inúmeras grandes aventuras começam com os heróis, com algum motivo, desbravando uma cripta ou tumba abandonada.
As vezes eles só estão passando pelo local, cortando caminho ou desviando de alguma outra ameaça, e as vezes o sepulcro é onde está escondido algum item necessário ou desejado, como uma espada mágica poderosa ou um livro contendo informações ou poder inimaginável.
Ou eles podem estar fugindo de inimigos e oponentes que se recusam entrar nesse lugar profano (o que poderia ser uma boa indicação para se evitar esse local)…
O que acaba acontecendo é um encontro e um confronto com pavorosos mortos-vivos, cadáveres reanimados por forças necromânticas e sombrias muito pouco compreendidas, que são uma paródia de vida, a qual, por muitas vezes, os próprios mortos-vivos odeiam e tentam destruir com todas suas forças.
Mortos Antigos
Mortos-vivos são uma das mais antigas ameaças na fantasia, provavelmente por ser uma das ameaças sobrenaturais mais antigas de qualquer história já contada, desde os primórios da Humanidade.
Por isso é absolutamente natural que tenhamos mortos-vivos no RPG, como oponentes e monstros a serem derrotados.
Mas de onde vem as lendas e mitologia envolvendo mortos-vivos? Certo, algumas são bastante óbvias, como esqueletos ou corpos putrefatos que são animados e atacam pessoas, e existem em praticamente todas as culturas do mundo.
Especificamente no RPG, zumbis traçam suas origens dos mitos haitianos onde praticantes de vudu poderiam reanimar corpos para trabalhar pra eles. Quase toda cultura tem uma lenda falando de uma pessoa que é tão ruim e má que “nem a morte a quer” e volta como um monstro desmorto (como um carniçal ou um inumano).


Casos Muito Especiais
Múmias são praticamente um capítulo a parte, com esses cadáveres de eras antigas incrivelmente preservados por técnicas e rituais elaborados, que despertaram além da curiosidade, o medo e a imaginação daqueles que os descobriram.
Vampiros também tem uma presença tão ampla e espalhada pelo mundo que fica até difícil saber qual seria a origem ou primeira aparição do mito na história. Talvez no Antigo Egito ou entre os Persas. Nem mesmo a origem do termo vampiro é certa. Um bom assunto para uma outra conversa, quem sabe.
E entre os mortos-vivos corpóreos, um dos mais intrigantes (e perigosos) provavelmente é o lich. Um mago ou utilizador de magia que conseguiu, através de seu próprio poder e utilizando-se de encantamentos e magias poderosas, enganar a própria morte e se tornar virtualmente imortal. Mas de onde vem essa idéia?
Apesar de não ser uma criação original para os RPGs, o lich acabou se tornando famoso e conhecido por causa deles, figurando e sendo referenciado em muitos outras obras, como séries de livros, quadrinhos, animações, filmes e videogames.

Koschei, o Imortal
Uma das primeiras menções a uma criatura similar a um lich vem da mitologia russa, na figura do terrivel Koschei (ou Kosheii, Koshchey, Kashchei, Kashchey), um vilão maligno que teria diversos poderes, que variavam de acordo com a história, as vezes sendo um tirano, ou um eremita, ou um feiticeiro.
Koschei era chamado de “O Imortal” ou “Aquele que não podia morrer” e muitas vezes não ficava claro se ele já tinha morrido ou não. Ele era imortal porque havia escondido sua morte fora de seu corpo, em uma agulha dentro de um ovo, que estava dentro de um pato, que estava dentro de uma lebre, que estava em baú que estava enterrado (ou acorrentado) em uma ilha desconhecida.
E assim temos uma referência a um poderoso feiticeiro maligno, o vilão exemplar que nunca morre e tem sua essência vital guardada em um objeto difícil de se encontrar.

O Pai do Lich?
Mas se Koshchei pode ter sido uma das inspirações para o lich do RPG, mas não foi a única. Gary Gygax afirmou que para fazer o monstro de D&D, ele se baseou no conto “The Sword and the Sorcerer”, (algo como “A Espada e o Feiticeiro”) escrito por Gardner Fox em 1969.
O curioso é que Fox é mais conhecido por seu trabalho nos quadrinhos, especialmente para a DC Comics, sendo o cocriador de personagens como Flash (original, Jay Garrick), Gavião Negro, Senhor Destino, Zatanna e Barbara Gordon, além de ser o primeiro autor a usar o conceito de multiverso nos quadrinhos.
Isso mesmo, o criador do Flash original também pode ser considerado a referência para o lich do RPG.

Thulsa Doom
Outra referência de fantasia que não podemos deixar passar é o personagem Thulsa Doom, de Robert E. Howard (o criador do Conan, o Bárbaro) que apareceu pela primeira vez como antagonista em um conto de Kull, o Conquistador, em 1928 (mas só foi publicado em 1967, após a morte do autor). Inicialmente chamado de Thulses Doom, o vilão era descrito como um poderoso necromante, tendo como rosto “um crânio liso em cujas órbitas brilhavam com um fogo vívido.”
Thulsa Doom apareceu em outras histórias, especialmente nos quadrinhos da Marvel, usando outros nomes, como Kathulos e Ardyon, e enfrentando não apenas Kull, mas também Conan e Cormac Mac Art, nos tempos arturianos.
Mesmo antes de aparecer no clássico filme Conan, o Bárbaro (Conan the Barbarian, 1982, de John Milius), Thulsa Doom certamente serviu de alguma inspiração para um mago morto-vivo que dá trabalho para heróis e diversas épocas, voltando da tumba e reaparecendo cada vez mais poderoso.
Como todo bom lich. E sem virar cobra. Virar cobra nunca ajuda…
Rogerio Saladino
Múmia lich arquivista da segunda dinastia.
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